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Mostrando postagens de 2020

Não me deixe morrer, doutor, não me deixe morrer...

Você pode chamá-lo “John Doe”. Assim como no Brasil há o “Zé Mané”, nos Estados Unidos e no Reino Unido existe este pseudônimo generalizado se o nome verdadeiro de uma pessoa precisa ser resguardado por alguma razão ou se for realmente desconhecido.  Era o caso daquele indivíduo.   Como podia prever que em 2020 uma pandemia varreria todos os continentes e chegaria à Califórnia onde morava? O fato é que como milhões de outras pessoas, ele também havia sido contaminado pela Covid-19. Era um homem corpulento, já maduro. O uso abusivo de metanfetamina, no entanto, tinha cobrado seu preço normal. John tinha uma aparência envelhecida e havia perdido todos os dentes. Ao chegar ao hospital, foi tirado da ambulância para ser atendido. Sofria uma forte falta de ar a despeito de já ter sido socorrido pelos paramédicos que lhe haviam ministrado oxigênio. Era uma experiência terrível. Mal podia respirar. Arfava angustiado enquanto a equipe do setor de emergência se preparava para atendê-lo. Com u

Afinal de contas, Papai Noel existe?

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Este foi um editorial escrito por Francis Pharcellus Church , publicado no The Sun , de Nova York, no dia 21 de setembro de 1897, em resposta à menina Virginia O’Hanlon, então com 8 anos de idade. Ela nasceu em 1889 e faleceu em 1971. Você talvez não concorde com o que ele disse. Mas que resposta você daria a esta criança frente a uma dúvida que balançava sua fé na vida e sua certeza do amor das pessoas ao seu redor? ooooooooOOOOOOOoooooooo É um prazer responder imediatamente – e assim destacar a carta abaixo – expressando ao mesmo tempo nossa grande satisfação por podermos contar sua fiel autora entre os amigos do The Sun : - “Prezado editor: eu tenho 8 anos de idade. Algumas de minhas amiguinhas dizem que Papai Noel não existe. Papai me disse: se você vir isto no The Sun, então assim é. Por favor, diga-me a verdade: existe um Papai Noel? Virginia O’Hanlon -  115 W, Rua 95.” -Virgínia, suas amiguinhas estão enganadas. Elas foram afetadas pelo ceticismo de nossos tempos incrédu

“Por que ele não festeja o Natal?”

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Anushka tinha seus 16 anos e morava em Ayodhya, na Índia. Ela queria saber de seu pai por que o idoso Sr. Shareef não festejava o Natal, como sua família e outros vizinhos cristãos. O Sr. Manoj já havia lhe explicado uma vez que o nascimento de Jesus não era tão importante para os seguidores de outras religiões. O velhinho era muçulmano e, portanto, o Natal para ele era um dia como qualquer outro. Para ele, a Bíblia – apesar de reconhecida como um livro a ser respeitado – não tem a mensagem fundamental que está no Corão,  que ele acredita – como todos os muçulmanos – ter vindo diretamente de Alah. Isto não fazia sentido para Anushka. Jesus não era aquele que havia ensinado tanto sobre o amor? Por que não festejar o seu nascimento? Foi preciso que seu pai lhe contasse uma história verdadeira. Ela precisava conhecê-la. O Sr. Shareef, cujo primeiro nome é Mohamed – tal como o do profeta maior do Islam – tinha um filho chamado  Mohamed Rais. Aos 25 anos de idade, ele trabalhava como qu

A mulher que não parava de cuspir...

  Vocês precisam conhecer a Creusa, uma vizinha que tive no interior de Goiás. Desde o começo da gravidez sua cunhada, Geralda, começou a padecer um enjoo horrível. Então pegou uns modos muito feios, muito deseducados! O de ficar cuspindo a toda a hora! A cada meia dúzia de palavras ela precisava parar para cuspir! Tinha até um lenço ao alcance da mão para ir limpando a boca o tempo todo. A coisa começou a ficar complicada. O maridão, sujeito truculento, já estava ficando muito bravo com aquilo: – Você não fica com a boca seca de tanto cuspir? Não aguento ver você com este costume estúpido. Vou levar você ao médico para ele ver isso! Irrita demais! Ele era já estava muito nervoso e parecia que – ele era um tipo muito violento – iria tomar uma atitude agressiva. Creusa havia percebido a proximidade de uma crise conjugal em crescimento e havia dito à amiga que precisava parar com este hábito. Muito abatida, a moça dizia que já havia tentado várias vezes, mas não conseguia interro

O grande sonho de Grażyna!

Maria Geralda cruzou os dedos diante da boca e disse:  - É verdade, meninas, não estou mentindo! E repetiu o pronome com a maior ênfase: eu! Talvez suas amigas não acreditassem na sua palavra. E tinha razão. Todo mundo sabia do grande sonho de Grażyna: estudar piano em Varsóvia, a terra de Chopin e de seus antepassados. Agora, porém, vinha aquela notícia inesperada. Há muito tempo ela vinha articulando as coisas e torcendo para darem certo. Havia escrito para algumas escolas, consultado seus professores sobre como isso podia melhorar seu domínio do instrumento, visitado a embaixada do país em Brasília, enfim, por muitos anos ela acalentou este sonho carinhosamente. Toda gente de sua família e da vizinhança sabia disso. Mas, sabia algo mais. Tendo poucos recursos precisava encontrar respostas para algumas questões impossíveis de contornar. Como conseguir os recursos para a viagem, a estadia no estrangeiro, a hospedagem, as taxas e custos do curso pretendido? Sonhos costumam custar

Primeira manhã de lua de mel

  Onde é que ele tinha ouvido aquele pássaro? Apurou o ouvido. Não era apenas um, mas muitos. Bem-te-vis! Sim, bem-te-vis! Cantavam, uns convocando os outros, e o coro que formavam enchia a manhã com uma sensação de felicidade, de alegria, com uma vontade de cantar também, uma destas sensações maravilhosas que a gente não consegue descrever. Algo assim como estar na terra e no céu ao mesmo tempo. Arnaldo se espreguiçou na cama em desalinho. Cecília dormia ainda. A madrugada deles tinha sido cheia de carinho e de amor. O corpo cansado exigia um sono restaurador naquela primeira manhã de lua de mel. Tinha muito tempo pela frente. Dava para ficar na cama, ali, quieto, sem qualquer outra preocupação, nem tomar café. Ele contemplou Cecília adormecida. Passou a mão por seus cabelos macios. Pareciam de criança. Ela não se mexeu. Com ternura ele se recostou sobre um cotovelo e olhou o rosto dela de alguma distância. Os bem-te-vis continuavam a cantar. E ele também. Por dentro! Parecia im

O sorriso triste do Zé Correia...

  Pode parecer coisa tola para vocês. Para mim, é muito importante. O que vou lhes contar não acontece todos os dias. Quem conheceu o Zé Correia como eu, sabe que existe pouca gente feito ele. E não é tanto por causa das ideias dele, não. Houve outros que pensaram da mesma maneira. É, mas era tudo pessoal de importância, doutores, professores, até santos. Zé Correia não era nada disso. E daí porque eu acho muito importante tudo isso que vou contar. Pra começar, preciso dizer o que o povo pensava dele. Alguns achavam que ele era meio maluco. Talvez fosse, não sei. Deus é quem sabe. Outros achavam que ele fazia aquilo para chamar a atenção, um jeito de fazer com que as pessoas olhassem para ele e lhe dessem valor. Mas estes estavam errados, posso garantir. Não posso dizer que ele fosse inteiramente certo da cabeça, mas posso jurar que, aquilo que ele falava, a maneira como agia diante de todo mundo, era exatamente a mesma coisa que ele falava e fazia quando estava sozinho. Digo isso, p