Afinal de contas, Papai Noel existe?

Este foi um editorial escrito por Francis Pharcellus Church, publicado no The Sun, de Nova York, no dia 21 de setembro de 1897, em resposta à menina Virginia O’Hanlon, então com 8 anos de idade. Ela nasceu em 1889 e faleceu em 1971.

Você talvez não concorde com o que ele disse. Mas que resposta você daria a esta criança frente a uma dúvida que balançava sua fé na vida e sua certeza do amor das pessoas ao seu redor?


ooooooooOOOOOOOoooooooo


É um prazer responder imediatamente – e assim destacar a carta abaixo – expressando ao mesmo tempo nossa grande satisfação por podermos contar sua fiel autora entre os amigos do The Sun:

- “Prezado editor: eu tenho 8 anos de idade. Algumas de minhas amiguinhas dizem que Papai Noel não existe. Papai me disse: se você vir isto no The Sun, então assim é. Por favor, diga-me a verdade: existe um Papai Noel? Virginia O’Hanlon -  115 W, Rua 95.”

-Virgínia, suas amiguinhas estão enganadas. Elas foram afetadas pelo ceticismo de nossos tempos incrédulos. Elas não acreditam a não ser naquilo que vêem. Elas pensam que nada existe que não possa ser compreendido por suas mentes pequeninas. Todas as mentes, Virgínia, sejam de adultos ou de crianças são pequenas. Neste nosso imenso universo, o ser humano em seu intelecto é um simples inseto, uma formiga, quando comparado ao mundo ilimitado, quando medido pela inteligência capaz de alcançar toda a verdade e todo o conhecimento.

- Sim, Virgínia, existe um Papai Noel. Ele existe de um modo tão certo como existem o amor, a generosidade, a devoção. E você sabe que eles existem e dão à sua vida sua maior beleza e alegria. Ah, quão triste seria o mundo se Papai Noel não existisse. Seria tão triste como se não existissem “virginias”. Então não existiria a fé das crianças, a poesia, o romance, para tornar esta existência mais tolerável. Não teríamos prazer a não ser naquilo que sentimos ou vemos. A luz eterna com que a criança preenche o mundo seria extinta.

- Não acreditar em Papai Noel? Você bem que podia não acreditar também em fadas. Você poderia pedir a seu pai que arranjasse alguns homens para vigiar todas as chaminés na véspera do Natal para pegarem o Papai Noel, mas mesmo que eles não o vissem descendo, o que é que isto provaria? Ninguém vê o Papai Noel, mas isto não é sinal de que ele não existe. As coisas mais reais deste mundo são aquelas que nem as crianças nem os adultos podem ver. Você já viu fadas bailando no jardim? Claro que não, mas isto não prova que não estão lá. Ninguém pode imaginar ou pensar todas as maravilhas que não se enxerga ou são invisíveis no mundo.



- Você pode abrir o chocalho de um bebê e ver o que faz barulho lá dentro, mas existe uma cortina que cobre o mundo invisível, que nem o homem mais forte – nem mesmo a força unida de todos os homens mais fortes que já viveram – pode rasgar. Só a fé, a imaginação, o amor, o romance podem puxá-la para o lado e verem e pintarem a maravilhosa beleza e gloria para além dela. Será que tudo é real? Ah, Virginia, em todo este mundo não há nada mais real e duradouro.

- Papai Noel não existe? Graças a Deus! Ele vive e vive para sempre. Daqui a mil anos, não, daqui a dez vezes dez mil anos, ele continuará a alegrar o coração da infância...

Comentários

  1. Triste o dia em que passarmos a acreditar apenas no que vemos. Vai ser tudo muito sem graça

    ResponderExcluir
  2. Respostas
    1. Que belo texto!!!
      Tão delicado quanto poderoso! O lúdico tem como uma de suas descrições o “que faz alguma coisa simplesmente pelo prazer de a fazer”; e como andamos precisados – cada vez mais – da capacidade de perceber o lúdico para amenizar a aspereza do concreto...
      É como entender a diferença entre mágica e magia: a mágica é um conjunto de técnicas físicas de ilusionismo que desafiam a percepção e dedução racional das coisas, enquanto a magia é uma fantasia ou sensação de transcendência do material que pode nos levar ao encantamento. Há quem diga que o amor é a mais forte das magias e eu penso que a vida sem a capacidade de encantamento é algo que não vale a pena!

      Estou devendo a leitura de outros contos aqui publicados, mas assim que as coisas acalmarem com o final do ano, terei a satisfação de explorar e comentar o conteúdo deste blog!

      PS: Já compartilhei o link desta postagem com amigos, pois eles merecem um pouco da polidez aqui oferecida.

      Excluir
    2. Sylvio, muito grato por seu comentário. Sinto-me honrado por vc ter compartilhado esta postagem com seus leitores! Agradeço muito.

      Excluir

Postar um comentário

Quer fazer um comentário? Seja bem vindo/a!

Postagens mais visitadas deste blog

Onoda-san vai visitar seu túmulo!

BOAS VINDAS!

O que aconteceu àquela gente?